20/04/2011

Review - Les chansons d'amour

Diretor: Christophe Honoré
Gênero: musical, drama
Idioma: francês
Sinopse: Um musical sobre o amor, a vida e a morte envolvendo quatro personagens principais (dois homens e duas mulheres).

O filme tem Louis Garrel no elenco e foi nomeado à Palma de Ouro, apresentado pela primeira vez no Festival de Cannes em 2007. O nome do filme no Brasil foi traduzido como "Canções de Amor". Em inglês, "Love Songs".

O filme é bonito, as canções são lindas e os atores são ótimos. Confesso que o começo é bastante massante, principalmente para quem não está acostumado com musicais. Você fica se imaginando o tempo todo onde aquilo tudo vai acabar e ... bum. Confesso também que vi o filme já sabendo do final e da trama toda em si, então, ansiosa, ficava esperando o tempo todo por "tal cena" e "tal acontecimento", talvez por isso tenha sido mais massante ainda esperar que eles acontecessem.

Atenção, a review CONTÉM SPOILERS.



A trama se divide em três partes: a partida, a falta e o retorno. O nome de cada parte revela um pedaço da vida do protagonista Ismaël (Louis Garrel), que sofre com desentendimentos com a namorada Julie e sua repentina vontade de "esquentar a relação" dos dois colocando mais uma pessoa na cama (literalmente): a amiga Alice. (primeira parte)

Entretanto a reviravolta acontece quando Julie repentinamente morre e ele tem que lidar com a vida sem ela. (segunda parte) A família dela é a parte importante nessa história já que Ismaël era mais que um filho para os pais de Julie; mais até mesmo que a própria garota. Particularmente, achei as partes pós-morte da Julie as mais bem feitas, pois realmente mostram a realidade quando (no caso) o namorado possui caracteristicas tão boas que os pais da namorada o acolhem como filho e o respeitam além de tudo e qualquer tipo de relação que ele possa ter com a família. É, literalmente, uma segunda família para ele, senão a única, já que a de Ismaël mesmo não é mostrada no filme. E eu vejo isso acontecendo muito; até comigo mesma.

A segunda parte do filme é bem angustiante. Dá a impressão que nunca vai acabar. A cena da morte da Julie foi bastante real pra mim. Os gestos e as letras das canções, cada pedacinho tem um significado diferente. E temos também a presença (constante) da irmã de Julie, Jeanne, "atrapalhando" a vida do protagonista. A terceira parte começa com uma série de acontecimentos que se ligam uns aos outros (e ao final da trama) de modo bem sutil. Primeiro, Ismaël saindo de casa por, primeiro, não aguentar as pressões de Jeanne e, segundo, por ainda pensar em Julie, já que o "apartamento" era dividido pelos dois. Então Alice, que trabalha com ele desde o início da trama, o leva ao apartamento de seu "afair" para passar o tempo que ele quisesse. Na manhã seguinte Ismaël conhece Erwann, o irmão mais novo desse afair. A partir daí as coisas andam rápido.

Os motivos que levam Erwann a seguir Ismaël (para mim) não são revelados claramento, mas desde a primeira vez que eles se vêem dá para perceber que o garoto, bem mais novo que ele, apresentou um certo interesse. Então a última parte (da última parte) se desenvolve entre as crises de Ismaël causadas por pensar no "certo e errado" e em Julie, ajudado novamente pelas pressões de Jeanne, e Erwann tentando convencê-lo de que o relacionamento deles é uma coisa normal e... bonita, afinal de contas. E que sim, ele realmente estava interessado nele. Naquele sentido.

As cenas entre Ismaël e Erwann são bastante bonitas, em especial a que ocorre no apartamento dele ao fim da trama; a famosa cena da janela - cena esta que me deu muita aflição, confesso. Não sou fã de altura. Os dois formam um belo casal e temos também uma inesperada ajuda de Alice. O espectador, assim como ela, percebe o quanto Erwann mudou e pode mudar os pensamentos (e vida) de Ismaël. Ele vive dizendo que não quer ouvir um "eu te amo", principalmente se for falso/da boca para fora, mas sim se Ismaël quiser realmente ficar com ele, que tenha coragem de dizer que ele o ama. Porque ficar juntos para eles significava dizer que se amavam. Assim, ao fim, você se pergunta porque Ismaël esperou Julie falecer para tentar viver. Pois, afinal, ele só vivia por conta dela e seu "amor gigantesco". A frase que ele diz a Erwann resume bastante o drama dos personagens e da trama:

"Ame-me menos, mas ame-me por mais tempo". (Love me less strong, but love me longer)

Acrescento a música e a cena final ao post. Veja por conta própria se não quiser estragar a surpresa, mas para aqueles que não vão ver o filme ou só estão curiosos, recomendo. É uma das partes mais bonitas da trama.


Escrito em 10-10-2010.

Um comentário :

  1. Na verdade acho que ele não era sufocado por Julie. ALém disso, na frase final ele pede que o ame menos, mas o ame por mais tempo...não pra sempre. O filme nem tem essa intenção!

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