07/07/2014

Review - Floating Skyscrapers


Diretor: Tomasz Wasilewski
Idioma: polonês
Gênero: drama

Sinopse: A história de Kuba, um nadador aspirante que se apaixona por outro homem, contrariando sua mãe e para a surpresa de sua namorada, que tenta a todo custo segurá-lo no relacionamento.


O filme é de 2013.




Demorei um bocado pra escrever essa resenha. Por vários motivos que vou tentar ignorar...

Floating Skyscrapers é um filme polonês muito bem feito e produzido. Atores ótimos, uma história conturbada e cheia de diversos dramas que não deixam a gente respirar enquanto assiste.

Kuba é nosso protagonista. Ele treina desde os quinze anos para participar de competições de nado, é assim que ele sabe ganhar a vida. Ele parece não se interessar por mais nada - nem mesmo pela sua namorada Sylwia, que faz questão de tentar prendê-lo na realidade (ao lado dela). Num belo dia depois de um treino difícil em que somos apresentados a um lado que Kuba quer manter muito bem em segredo, Sylwia o leva a uma exibição de arte numa galeria e lá ele conhece alguns de seus amigos, um deles sendo Michał, um garoto bonito, atraente e de conversa fácil que logo arranca suspeitas de Sylwia.

Kuba e Michał parecem se apaixonar instantaneamente, para desespero da namorada. Ela parece ser a única - além do próprio Kuba - que não enxerga que ele é homossexual. Todos os amigos dela lhe advertem, reclamam que ela ainda está num relacionamento que não vai dar em nada porque eles simplesmente sabem que Kuba prefere homens e não entendem porque ele está com ela depois de tanto tempo. Talvez por conveniência, já que também somos apresentados à sua mãe maluca, que parece ser a favor de tudo, até de que Sylwia more com eles e que ela a sustente, só para que Kuba "não caia em tentação" e construa o resto de uma vida "saudável", a seu modo de ver, longe de outros homens.

A trama, como já mencionei, é recheada de outros pequenos conflitos que não deixam de ser intensos. A presença de Sylwia é uma baita pedra no sapato o filme inteiro, e é ela que faz as coisas girarem mais rápido. Não preciso dizer que odiei a personagem, mas Sylwia é a chave de uma boa parte da história de Kuba. A mãe do jovem me deixou nos nervos em todas as cenas em que aparece e eu também me apaixonei pelo Michał mais do que deveria, então, obviamente, sofri muito, mas muito mesmo.

A trama é muito bem construída e cheia de detalhes. As coisas não passam despercebidas para o diretor e o roteirista e todos os pequenos nós são atados - muitas vezes com pequenas tragédias também. Essa qualidade da narrativa me surpreendeu e me cativou. Sabe aquelas cenas e palavras que a gente tende a nem perceber ou ignorar? Então, são essas mesmas as que vão fazer a diferença no final.


Cartaz original
E o final.. ah, o final! Eu tive que pausar o filme diversas vezes quando tava pra acabar porque sabia que as coisas não poderiam ficar piores. E então elas ficam piores e eu quase coloquei meu coração pra fora de tanto chorar. É sério. Não vou dar spoilers, mas eu odeio filmes que terminam do jeito que Floating Skyscrapers terminou. Tenho ódio absoluto ainda mais porque me deixam em frangalhos (o que, se formos pensar bem, é um ponto super positivo pro filme!). O clichê que o enredo evoca é o pior clichê desse "tipo de filme", digamos, e tem uma das cenas mais fortes que já tive o desprazer de assistir. Já vi várias do tipo,  sim, mas por ter adorado o Michał desde o começo, eu me emocionei além da conta. Além disso, a última cena, a definitiva com a Sylwia ainda me fez passar sufoco e xingar muito no twitter (literalmente).

Curiosidade: o nome do filme se refere ao Michał. Quando o menino vai contar ao pai que é gay, ele lembra que quando pequeno Michał gostava de subir na varanda do apartamento deles e ficar se imaginando um super-herói que pulava de prédio e prédio. Já adulto, Michał se vê na mesma varanda observando a vizinhança com os olhos semicerrados. Os prédios parecem flutuar diante da sua emoção, como quando as lágrimas ficam escondidas nos cílios e tudo o que você enxerga é borrado, flutuante. Uma metáfora linda, diga-se de passagem.

Talvez eu tenha deixado de escrever a resenha justamente por causa disso, do sufoco. Mesmo agora, efetivamente escrevendo, eu ainda consigo sentir as mesmas coisas que senti ao ver Floating Skyscrapers: uma angústia enorme, sofrimento desnecessário. Uma realidade que infelizmente ainda precisa ser retratada com tanta crueldade e frieza.


Atenção, amigos, esse é um filme para adultos. Há muitas cenas de sexo (gay, hétero, enfim), violência e nudez em quantidades desproporcionais. E se você já é adulto o suficiente pra aguentar tudo isso, mas não quer ficar com raiva do mundo depois, xingar quem não deve e sair se perguntando a todo momento "por quê????" em voz de choro desesperada, não assista. É sério, depois não digam que eu não avisei.

6 comentários :

  1. O Michal morre no final de forma extremamente violenta, é espancado por dois lixos enquanto mais dois lixos assistem, simplesmente ridículo, não acho que isso é um ponto positivo pro filme.

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    1. Desculpe, Henrique, mas eu não contei spoilers na resenha e você vem no primeiro comentário falar isso? Poxa :/

      E eu disse que é um ponto positivo que ele emocione as pessoas - eu, no caso - e, querendo ou não, mostra um pedacinho da nossa realidade. Saber transportá-la tão bem quanto fizeram é sim ponto positivo para o filme.

      Obrigada pela visita e pelo comentário de qualquer forma.

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  2. Achei a resenha incrível e me instigou muito a ver o filme. Sabe onde posso encontrá-lo?

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Muito boa a resenha. Definiu todos os meus sentimentos quando assisti ao filme. É tão bom, tão intenso, deixa todos os sentimentos à flor da pele - o objetivo de uma obra de arte - principalmente pelo fato de ter poucos diálogos e muito mais expressões e olhares, deixando várias coisas subentendidas (muito diferente do cinema americano). Fiquei realmente triste no final, mas acho isso é consequência da qualidade do filme. Vi muitas semelhanças com Free fall, também. Parabéns pela resenha!

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  5. Eu amei sua resenha ela retrata exatamente minha visão e entendimento do filme, e sobre Michal morrer no final essa com certeza foi a cena mas sufocante e dolorosa que já vi, ela me deixou muito triste pois me lembrou um amigo meu que morreu da mesma forma e mexeu muito comigo, acho que ate nem não passou pelo que eu passei com meu amigo ficou muito sentido juntamente por essa ser a atual realidade em que vivemos,ah! E mais uma coisa sabe eu deveria ter lido sua resenha antes de assistir o filme pois assim não ficaria frustrada e triste, na próxima eu vou seguir seu conselho.E mais uma vez sua resenha é ótima eu a amei.

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