06/06/2016

Review - Sobre Garotos que Beijam Garotos

Talvez eu seja a última a resenhá-lo, mas não vou ficar de fora.
Vem ver?

Título: Sobre Garotos que Beijam Garotos
Autor: Enrique Coimbra
Editora: Editora LeYa - Casa da Palavra
Ano de publicação: 2015
96 páginas.

Enzo, o jovem protagonista deste romance, não gosta de se apegar, de relacionamentos fixos, duradouros, monótonos. E só se apaixona quando tem a certeza de que não será correspondido. Afinal, como dirá o próprio autor em seu blog, isso o poupa de 'se tornar responsável pelos sentimentos de alguém'. Enzo só não contava com o aparecimento de Ian, o ficante (hétero) de uma amiga, com quem viverá uma espécie de aventura ou experiência amorosa cujas consequências serão avassaladoras.



Não sei dizer se o livro foi uma extensão do conto (era conto?) que tinha na Amazon intitulado "Sobre um garoto que beija garotos: Ian", mas a impressão principal que tive foi essa: um costo esticado pra "virar" um livro.

Conto original?
A história é basicamente a da sinopse: Enzo, que não gosta de ser responsável - por ele mesmo, pelos outros - e, por isso, não quer compromisso algum. Ele quer curtir a vida do jeito que acha certo. Daí aparece o ficante da menina que ele se diz "melhor amiga", mas que, no fundo, ele não gosta tanto assim - porque a menina só fala dela mesma, e Enzo não gosta de se sentir responsável pelos outros, lembra?

Ian é um cara curioso. Ele também quer curtir a vida e encontra Enzo no caminho, e os dois resolvem curtir uma parte dela juntos. Só que Ian é o tipo de cara que a maioria das pessoas se apaixona sem querer: ele é largado, não demonstra sentimentos, mas tem um charme natural, sabe? E aí Enzo descobre que talvez queira curtir a vida  com ele.

Eu me identifiquei mais do que achei que seria possível. Enzo tem uma personalidade mais fechada, reflexiva, e os apontamentos que ele faz sobre a vida me representaram um bocado - principalmente, vou ser sincera, sobre a amizade dele com a Amanda, a amiga que é ficante do cara que ele também tá enrolado. A maneira como ele foi se apaixonando pelo Ian é bem natural, não é algo forçado; não é aquela coisa de duas páginas e ele tá morrendo de amores. Não. Parece muito mais real que isso, e essa realidade crua me fez gostar do livro. Não espero um romance romantizado, se é que me entende.

Só não gostei mais porque é SUPERHIPERMEGA curto. Como mencionei, parece um "conto esticado", mas que funcionou bem no número de páginas que tem. Eu não vi o livro físico, porque li em ebook, mas acho que me decepcionaria (?) em tê-lo nas mãos por causa do tamanho: tem menos de  CEM PÁGINAS, gente. É MUITO pequeno.

O que me chateou? A quantidade (desnecessária) de festas e, principalmente, bebida me enervou. Tá, eu entendo que o curtir do Enzo e dos amigos dele envolve festas, ficar bêbado e fazer besteira, mas isso geralmente me entedia, e aqui não foi diferente. E a quantidade que essas coisas aparecem na vida dos garotos dessa história também me fez levantar as sobrancelhas um pouco por preocupação (poxa, 16/17 anos e é assim que adolescentes acham que estão se divertindo?), e um pouco por achar que isso é um recurso fraco pra se dizer que o "personagem fez tal coisa porque estava sob efeito de álcool". De qualquer forma, foi isso o que menos me agradou no livro.

A narração é fluida e conversa com o leitor. Peguei pra ler assim, sabe, só por curiosidade. Não dava nada. E não é que, uma hora depois, terminei sem nem ver o tempo passar? Tirei o chapéu para as metáforas, inclusive! A narrativa me embalou e, apesar de ser bem delimitada espacialmente, não tive problemas em acompanhar a vida dos personagens. A revisão tá muito boa, ao ponto de eu não ter encontrado quase nenhum erro. Não sei sobre a diagramação do livro físico, mas o digital tá certinho e sempre vejo promoções por aí - consegui-o de graça com um cupom que ganhei da LeYa, vale a pena ficar de olho!

Me surpreendi - e vale dizer que, nos dias de hoje, isso é um feito e tanto.

Uma citação:
"Seja lá o que tenha sido, vai acabar um dia. Não sei se acredito no 'para sempre'. Que bom que sou imediatista. Não consigo viver construindo um futuro a anos-luz. É o agora que importa. [...] A gente gosta mesmo é de ter do que reclamar."

Um comentário :

  1. Enrique <3
    Ele nunca decepciona, seja em seus livros, em seu canal no YouTube ou em seu maravilhoso blog <3

    ResponderExcluir