20/10/2015

Review - One Man Guy

Resenha do livro One Man Guy, publicado no Brasil pela editora LeYa.




Título: One Man Guy
Autor: Michael Barakiva
Idioma: inglês (original)/português
Primeira publicação: 2014. Lançado no Brasil em 2015 pela LeYa.

Sinopse: Um romance sobre dois garotos, dois mundos e um encontro. Ethan é tudo o que Alek gostaria de ser: confiante, livre e irreverente. Apesar de estudarem na mesma escola, os dois garotos pertencem a mundos diferentes. Enquanto Ethan é descolado e tem vários amigos, Alek tem apenas uma, Becky, e convive intensamente com sua família e a comunidade armênia. Mesmo com tantas diferenças, os destinos de Ethan e Alek se cruzam ao precisarem frequentar um mesmo curso de férias. Quando Ethan convence Alek a matar aula e ir a um show de Rufus Wainwright no Central Park, em Nova York, Alek embarca em sua primeira aventura fora de sua existência no subúrbio de Nova Jersey e da proteção de sua família. E ele não consegue acreditar que um cara tão legal quer ser seu amigo. Ou, talvez, mais do que isso. One Man Guy é uma história romântica, comovente e engraçada sobre o que acontece quando as pessoas saem de suas zonas de conforto e ajudam o outro a ver o mundo (e a si mesmo) como nunca viram antes.


A sinopse já diz tudo sobre o livro. Sério.
Mesmo assim, eu esperava outra coisa quando comecei a ler.

Acompanhados a vida de Alek, um garoto armênio numa cidade relativamente pequena dos EUA, próxima a Nova York. Alek é pressionado pelos pais para ter uma educação exemplar, e por ser o irmão mais novo de uma família super tradicional. Seu irmão mais velho é, até certo ponto, um peso em sua vida porque o menino é o exemplo em pessoa: inteligente, educado, tudo o que seus pais esperam que Alek seja (e que ele acha que não é).
Alek tenta escapar desse mundo de perfeição fazendo pequenos "atos rebeldes" (que não são tão rebeldes assim), como, por exemplo, mudar o caminho de volta da escola. Num desses caminhos, ele topa com um grupo de skatistas "valentões" e é defendido por Ethan, um dos "desistentes", um grupo de garotos descolados do colégio.
A aproximação de Ethan e Alek é um tanto quanto estranha, na minha humilde opinião. A abertura que Ethan dá ao protagonista é muito rápida: de uma hora pra outra, ele já tá mostrando todos os truques que guardou com tanto segredo por bastante tempo. No segundo seguinte, Alek embarca numa viagem ilegal para Nova York e, lá, os garotos assistem a um show de Rufus Wainwright, um cantor/compositor famoso por ter assumido sua homossexualidade e por ter um público bem diverso.
Então Ethan conta a Alek que é gay.

O resto do livro parece mais uma songfic que qualquer outra coisa, sinceramente. Rufus é mencionado várias vezes, pois Ethan é fã do cara. O título do livro, inclusive, é da música que inspira os dois meninos, "One Man Guy". Justamente por causa do título e da música, pensei que o rumo da história seria outro, mas caímos num pequeno drama família envolvendo o irmão mais velho de Alek e a família da namorada dele... e o próprio desenvolvimento e reflexão do relacionamento dos mais novos é afastado da trama diversas vezes.
Tudo bem, isso não é e não seria ruim se, do mesmo modo como começou, o livro não terminasse tão rápido. Várias (se não todas) as tramas são deixadas em aberto. O próprio personagem do Ethan é pouquíssimo trabalhado (e bastante contraditório, diga-se de passagem); a história que ele agrega ao enredo é muito boa, mas foi desperdiçada. Becky, a melhor amiga de Alek, talvez seja um dos pontos mais positivos do livro.
Em suma, é bonitinho em algumas partes, SUPER irritante no começo e sem criatividade. Às vezes parece mais uma lição sobre história e culinária armênia que qualquer outra coisa - acho super válido e necessário incluir essa diversidade na literatura, sim, mas o modo como Barakiva fez aqui não foi nada suave. Soou super forçado pra mim.
Os personagens são um pouco vazios, só começam a embalar mesmo nos 75% do livro, o que é ruim., convenhamos. Os últimos 15% são os melhores, de longe.

foto de divulgação da editora.
Ponto positivo foi terem mantido a capa e o título original!
Li a tradução brasileira em e-book (porque a edição física tava caríssima para o livro tão pequeno) e achei alguns problemas sérios de revisão - mas daí já não sei se é a versão nacional ou a original, apesar de que eu acho que é a original. A impressão que tive é que o livro não foi devidamente trabalhado: muita repetição (de palavras) desnecessária, muita informação sem explicação... Enfim.

Será que fui vítima das minhas expectativas altas? Ou mais alguém concorda comigo?


E vou lançar a polêmica: quando é que as editoras brasileiras vão trazer Brent Hartinger e Jay Bell pra nós, pro pessoal elevar esse nível crítico aí, e parar de achar que qualquer e todo livro que traz personagens gays é ~maravilhoso~?
Tá passando da hora de alguém fazer companhia ao Levithan nas prateleiras, né.

Sobre o autor: Michael Barakiva é diretor de teatro e escritor, tem ascendência armênia e israelita e mora no bairro de Hell s Kitchen, em Manhattan, com o marido, Rafael Ascencio. É formado pela Vassar College e pela Juilliard School. Adora cozinhar e jogos de tabuleiro e se orgulha de ter conquistado o Most Improved Player Award de 2011 pelo New York Ramblers, o primeiro time de futebol para jogadores gays dos Estados Unidos. One Man Guy é seu primeiro livro (e, lendo esses detalhes, parece algo bem biográfico, viu?!)

Um comentário :

  1. Oláá, flor :)

    Nossa, confesso que a sua resenha foi beeeem leve. Eu já encontrei outros problemas no livro, especialmente na questão de abordar a homossexualidade. Achei cenas muito pejorativas. Cenas desnecessárias. Cenas nada a ver. O que mais tá me incomodando é que o guri já está entrando num pequeno surto de "ai, meu Deus, meus pais vão me matar por eu ser gay", sendo que ninguém sequer mencionou a possibilidade de ele ser bissexual, por exemplo. Levando em consideração que ele já namorou duas garotas, isso seria uma discussão muito válida e que eu teria apreciado bastante. Mas já tá tudo desandando... Também achei que tá tendo culinária demais, tá enchendo o saco. E mais: de-tes-tei o "banho de loja" que o guri sofreu. Então pra você ser aceito por alguém você tem que mudar seu guarda-roupa e seu cabelo? TÁ ERRADO, MOÇO. TÁ ERRADO DEMAIS! Pior parte EVER.
    Enfim, ainda tô criando coragem para ler as últimas 80 páginas.
    Adorei a crítica, suuuper válida! Ainda bem que pensamos parecidas! :)

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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