12/02/2016

Review - Cucumber, Banana e Tofu


Depois de Queer as Foolk, a série mais popular sobre o universo gay até hoje (que eu saiba), o mesmo produtor e roteirista Russel T. Davies resolveu lançar três novas séries interconectadas que exploram relacionamentos contemporâneos na Inglaterra. O resultado disso é o que vemos em Cucumber, Banana e Tofu.

ps.: Este post foi escrito em janeiro de 2015. E tô postando só um ano depois porque sim.


A "trilogia" foi ao ar pelo Channel 4 ao mesmo tempo em que Looking passava na HBO, colocando nas telinhas quatro séries com temática LGBT ao mesmo tempo! Eu assisti todas elas, claro, e vim contar um pouquinho pra vocês.

As três séries foram anunciadas em novembro de 2013 e seus título são um espetáculo à parte: referem-se a uma escala estudada por uma universidade suíça sobre a "rigidez" da ereção masculina. Essa escala vai do pepino, banana, banana descascada e tofu (em ordem decrescente). Após ler os estudos feitos pelos pesquisadores, Davies disse que teve certeza de que encontraria um drama no meio. E daí surgiram as séries.


As três foram ao ar em sequência. A primeira é Cucumber. Nela, o foco é o casal de meia-idade Henry Best e Lance Sullivan, que embarcam numa nova vida cheia de obstáculos e descobertas depois de terem vivido juntos por nove anos.

De acordo com o produtor, a série esteve "em desenvolvimento" desde 2006 (!!) e revela muito da personalidade de Russel T. Davies, colocando na TV uma representação do pessoal mais velho, apesar de ter dramas bem atuais e personagens mais jovens também.

Cucumber é quase que puro drama com uns pequenos pedaços de comédia, e é o carro-chefe das três produções. São oito episódios de 40 minutos mais ou menos e somente uma temporada. Das três, é de longe a que eu mais gostei por causa da linearidade e também pelos personagens, todos extremamente bem construídos. E é drama, né, chorei feito condenada em algumas partes, principalmente no finzinho. O produtor explicou que não "poderá ter" uma segunda temporada em uma entrevista, mas vou deixar pra vocês mesmos procurarem o motivo porque é spoiler demais. E triste, muito triste.



Depois de Cucumber, somos apresentados à Banana, que possui um enredo único para cada episódio. Nela, alguns personagens "secundários" em Cucumber aparecem para dar explicações, pra mostrar sua vida e seus dramas particulares. Cada um dos oito episódios que acompanham os de Cucumber fala sobre um "casal" diferente, ou um drama diferente, e sempre há uma ligação com o da série anterior.

Tem alguns casos divertidos, outros extremamente emotivos, e foi a série responsável por colocar, pela primeira vez na TV britânica, uma atriz transgênero, a Bethany Black, cujo episódio é o quarto da série (e é um dos mais emocionantes também). 

O clima de Banana é sempre mais leve que o de Cucumber, talvez pra tirar um pouco do "peso" da primeira série. É gostoso de assistir e meus episódios favoritos foram o 4, o 5 e o 6.


Tofu é a última das três e é uma espécie de documentário misturado a entrevistas dos elencos das outras duas séries. Foi descrito pelo canal como "uma visão anarquista e divertida sobre o sexo", Tofu explora tópicos de Cucumber e Banana através dos atores das séries e do público. Alguns dos assuntos abordados são: encontros através de aplicativos, tabus sexuais, saindo do armário, etc.

Das três, foi a que menos me interessou, mas é mais pelo estilo das filmagens - que não é nada convencional. Os temas são interessantes sim, e os atores e as pessoas "comuns" acabaram por colocar na mídia discussões raras, o que é sempre válido.





As três séries são um exemplo de modernidade e inclusão. Mostram com destreza a realidade hoje e ainda retomam temas antigos que nunca deixam de ser atuais, infelizmente, como: relacionamentos abusivos, dependências, preconceito, violência e estupro.

Eu comentei enquanto assistia no meu twitter o quanto as séries do Channel 4 marcam minha vida. Sério, são tantas cenas e tantos detalhes que ficaram na minha memória de todas as que já assisti! E com essas três não foi diferente. Cucumber arrancou meu coração, pisou, sapateou em cima e depois o jogou de um penhasco - (mesmo assim) eu recomendo demais. Vejam, aproveitem as discussões que Banana levanta e riam com Tofu.

Russel T. Davies é destruidor mesmo.

Trailers super sugestivos (e criativos, convenhamos!) pra vocês:


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